A “lição de casa” pode ser motivo de muita discórdia entre pais e professores, pais e filhos, professores e alunos e até mesmo entre pai e mãe.

Ajudar ou não? Exigir ou não? Como agir quando a criança não a faz?

Segundo César Coll, 20% dos alunos necessitam de algum tipo de ajuda e deve receber orientação para melhorar sua eficácia no estudar. Para os 80% que administram sozinhos sua vida escolar, esse tema não terá o mesmo sentido pois a lição de casa passa sempre desapercebida para os pais.

Mas, para os que precisam de auxílio, como ajudar?
Primeiro será preciso verificar se existe uma necessidade “real” ou se esta dependência só ocorre em casa, como uma necessidade de receber atenção.

No contato com os professores, por volta do fim do 1º bimestre, já se poderá ter maior certeza da existência dessa necessidade real de ajuda. É importante que haja transparência na vida escolar, pois a escola tem como objetivo ajudar os pais e alunos. Quando a escola aponta a falta de entrega da tarefa, essa irregularidade, se freqüente, deverá ser investigada. Em alguns casos uma cobrança maior de pais e professores aliada a um horário diário para tarefas já sanará o problema.

QUANDO O PROBLEMA É REAL

Nestes casos temos que fazer uma reflexão sobre os objetivos e tipos de tarefas e conhecer formas de auxiliar os alunos. As tarefas têm como principal objetivo desenvolver a autonomia e a responsabilidade do aluno, além de ser um complemento ou reforço do conteúdo desenvolvido em sala de aula.

AS TAREFAS PODEM SER:
As tarefas-treino:. As tarefas-treino podem ser por exemplo: fazer cálculos (cópias), memorização (decorar poesias ou tabuadas), etc. Aqui se encaixam as lições que reforçam as atividades de sala.

Término de atividades de sala: Essas tarefas regulamentam as diferenças de ritmo garantindo que todos façam integralmente todas as atividades. Neste caso sempre haverá extremos, ou seja, alunos sem tarefa por terem terminado dentro do horário de aula e alunos com muita tarefa por terem trabalhado pouco em sala, tendo como causa, a distração com colegas e a falta de organização do trabalho ou do material.

As tarefas de pesquisa: Essas poderão incluir a elaboração de um trabalho onde o aluno deverá organizar o material coletado ou simplesmente trazer jornais, revistas ou livros que colaborem com algum assunto desenvolvido na aula, nesse último caso não deverá ser obrigatória.

No caso de um trabalho o professor deverá dar orientações claras por escrito, definindo prazo de entrega, estrutura do trabalho e bibliografia mínima.

A ajuda familiar será bem vinda quando professor der essa orientação, isso porque às vezes o professor prefere saber do que o aluno é capaz para nortear as novas solicitações.

As tarefas de avaliação: Se enquadram nesse último caso. Assim é mais honesto e eficaz que o aluno a leve sem fazer se não conseguir executá-lo

QUANDO A AJUDA É NECESSÁRIA

Após os primeiros meses de aula, quando então as tarefas se regularizam ao ritmo da classe, os professores e pais já são capazes de perceber os alunos que necessitam de ajuda para desenvolver uma metodologia de estudo.

Essa é a hora ideal de tirar dúvidas com a escola, solicitando entrevistas, freqüentando reuniões ou telefonando para uma rápida orientação.

Casos extremos necessitarão dos serviços especializados de uma psicopedagoga, que é a profissional certa para dar orientação de métodos do estudo e trabalhos.

Quanto aos pais, deverão garantir hora, local e material de estudo. Por não serem especialistas e a ajuda sempre estar acompanhada de uma carga efetiva muito forte, não se aconselha a ajuda pedagógica, quando as primeiras tentativas terminarem em “brigas” ou quando houver excessiva acomodação da criança e costumeiramente começar a depender dos pais para fazerem a lição juntos.

O ponto limite entre a vaidade de saber ensinar o filho e o abalo da auto-estima da criança frente a pais tão poderosos é muito tênue, não esqueçamos que na escola, assim como futuramente na vida, ele terá que se “virar” sozinho, sob pena de ficar para trás. E os pais serão os primeiros a cobrar atônitos do filho, um desempenho para o qual eles não o ajudaram a se preparar.


Para os pais o segredo está no equilíbrio entre não ser omisso, desconhecendo tudo sobre a vida escolar do filho, e o extremo de sentirem-se alunos da escola, chegando mesmo a fazerem a lição pelo aluno.

Maria Helena Bitelli Baeza Sezaretto
Psicóloga / Pedagoga
Psicopedagoga
Especialista em Gestão de Qualidade
Pós graduanda em A Moderna Educação (2021/22)

Texto publicado no antigo Blog da Maria Helena: Processos Educativos na Escola e na Família

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