Independentemente de ter concebido o nosso bebê, por desejo ou “acidente”, o que todos esperam que seu filho seja é feliz. Na verdade, ele representa o nosso desejo de ser feliz que não conseguimos até agora. Maravilha para quem se sente plenamente feliz!! Nada contra. Mas a verdade é que nos tempos pós pandemia (e mesmo antes) esta é uma busca incansável ou talvez, segundo teóricos no assunto, inalcançável. E então nossa esperança são nossos filhos!! Muitos pais fazem projetos para seu futuro, certos de que se trilharem os caminhos projetados eles conseguirão o que não conseguimos.
Eles são nossa continuidade, nossa última esperança de alcançar a felicidade. Mas será que sabemos tudo sobre estes caminhos? Sabemos o que queremos para eles? Sabemos onde, quando e como chegar? Sabemos o que a sociedade espera deles? Qual será o futuro que ele vai enfrentar? Quais são os valores que conscientes ou inconscientemente estamos formando em nossos filhos através da nossa cultura familiar? O que nós, como pais esperamos deles hoje, que lhes dará resiliência suficiente para enfrentarem desafios incertos? Sim, por que, quem sabe para que futuro estamos preparando?
Muitas perguntas, poucas respostas.
Há uma grande parte que dependerá do nosso autoconhecimento, outra do nosso conhecimento do mundo do futuro e outra do conhecimento do funcionamento da psique do nosso amado filho que é único, mesmo entre irmãos.
Precisamos reconhecer que eles terão suas escolhas, estamos tranquilos quanto a isso? Essa é uma pergunta que devemos responder, ela será respondida por bem ou por mal. Esse trabalho faz parte do nosso autoconhecimento. Lembremos como foi nosso processo, em cada fase, da infância à vida adulta. Que tal relembrar …. Como nossos pais reagiram as nossas escolhas. Como nos sentimos quando eles declaravam sua insatisfação. Sentíamos o apoio deles? Ou não podíamos errar. Como vemos o erro em nossa cultura familiar, como processo da tentativa de acerto ou como algo imperdoável? Desculpem tantas perguntas, mas estas respostas estão com vocês e não tem certo e errado.
E qual será o futuro que eles já estão enfrentando? Não é mais o do mundo voltado para o processo industrial, linear, segmentado, unidirecional e previsível. Um mundo em que o que mais se desejava era trabalhar na mesma empresa até se aposentar. Nosso sistema escolar, criado na Hungria, por volta de 1850, que formava trabalhadores para fabricas baseado no sistema industrial, agora se adapta a lógica digital: Não linear, conectada, multidisciplinar e imprevisível. O nosso pensamento segue outras regras. Eu vejo o que tenho como recurso e crio. Adaptabilidade, jogo de cintura, flexibilidade! Estamos impossibilitados de permanecer longe do celular que se tornou extensão do nosso cérebro! Nossas carreiras serão multidisciplinares, muitas carreiras ao mesmo tempo. Empresas que competem através da colaboração multidisciplinar. Imprevisível por ser exponencialmente tecnológica, computadores dobram de potência há cada 2 anos. O cérebro humano não evolui exponencialmente!
“Os analfabetos do século 21 não serão aquelas pessoas que não sabem ler ou escrever, mas aqueles que não souberem aprender, desaprender e reaprender” Alvin Tofler.
As crianças nascidas após o ano 2000 são chamadas nativas digitais, a maioria de nós é migrante digital, isto não quer dizer que só os mais jovens podem ensinar os mais velhos (aprendemos muito com eles) os mais velhos têm a narrativa das humanidades, sua narrativa da vida. A humanidade, matéria prima da educação, sucessos, fracassos, boas experiências, más experiências. Esse diálogo sincero é fundamental, histórias de longa duração. Vocês ficarão surpresos com que interesse eles ouvirão suas histórias de “humanidade”!
Ninguém perde a autoridade ao conversar de peito aberto com seu adolescente sobre os erros, suas consequências e perigos que passaram na infância ou adolescência. Nenhum discurso moral substitui este diálogo das histórias das nossas humanidades. Assim funciona a cabecinha deles e desta forma alcançamos o seu afeto e nossa intimidade com o filho.
Nossos filhos precisam de uma rede de apoio para serem resilientes, entendendo resiliência como a capacidade de enfrentar os desafios da vida. Se errar na solução do desafio ele terá nosso apoio. Não incondicional! Tem que haver limites claros. Os limites também fazem parte do apoio. Os limites mostram para eles que eles têm quem cuida deles. Conversar de igual para igual sobre nossas histórias de vida não é ser amigo deles. Em uma palestra do saudoso Içami Tiba ele deixou bem claro isso com uma frase que diz tudo: “Que legal que você é amigo do seu filho, e quem é o pai?”
Não precisamos ser legais. Precisamos a maior parte do tempo ser chatos.
Respeitar os limites do filho. “Eu quero que ele seja um engenheiro”, e ele, também quer? Ele tem liberdade de escolha?
A liberdade de escolha gera autoconfiança e autoestima, quando acreditamos neles passamos o recado de que ele é capaz. Nada que seja um ideal de ego que ele não possa alcançar, excesso desta confiança nele pode ser um peso enorme e aí…. haja terapia.
Equilíbrio, acompanhamento e bons valores. Pacto da verdade sempre, por mais que doa. Honestidade! Excelente valor e fundamental nas relações familiares. Desenvolvido através de exemplos.
São muitos temas para aprofundar! O que queremos como pais, que mundo todos estamos enfrentando para o qual teremos que mudar nossos paradigmas, quais as competências necessárias para esse mundo novo, como estamos preparando nossos filhos para que tenham autoestima para criar e enfrentar seus erros com resiliência.