Quando nos referimos ao cotidiano escolar, estamos falando das práticas aparentemente simples na escola, como tarefas para casa, atividades de ensino na aula, o respeito às regras da escola, propostas de trabalho em grupo, correção das tarefas, elaboração de avaliações, observação da responsabilidade e engajamento do aluno e o desenvolvimento da autonomia e auto-estima.
Esses verdadeiros “dogmas” da escola ainda são tratados como aprendemos e como nossos avós aprenderam, mas se pensarmos que estamos educando para as competências do século XXI, devemos nos perguntar: Estamos refletindo sobre nossas práticas?
A filosofia construtivista nos trás os conceitos de desenvolvimento de autonomia moral e intelectual do aluno protagonista e do professor mentor ou mediador do conhecimento.
O professor no século XXI precisa ser autônomo e responsável para individual e coletivamente refletir e ressignificar as práticas escolares do cotidiano e que são práticas rigidas, pertencentes ao século XIX, velhos paradigmas herdados do passado por gerações. Mas precisamos não esquecer que esses antigos paradigmas orientam a ideia
que a sociedade tem destas práticas escolares.
O processo de mudança precisa envolver a família e ser um objetivo consciente dela.
Qualquer mudança gera insegurança e desconfiança e esses sentimentos da família diminuem a eficácia do trabalho escolar, portanto as decisões pedagógicas precisam ser claramente fundamentadas e divulgadas para os pais.
Não com a antiga visão autoritária da antiga escola – própria de uma ideologia da época – mas da escola de um novo tempo, com uma ideologia que visa ajudar a desenvolver o cidadão que se preocupa com a sociedade e com o planeta.
E é essa ideologia, na família e na escola, norteando ações conjuntas nos cuidados com a tarefa, o material escolar, o uniforme, o estudar, a análise dos relatórios de ocorrências disciplinares, o tratamento do lixo, o respeito às diferenças, a relação com o conhecimento, que garantirão a eficácia do trabalho pedagógico e uma educação realmente “PARA A
VIDA E PARA O MUNDO” A reflexão sobre a velha escola do mundo “industrial” linear, segmentado unidirecional
previsível deve refletir os novos tempos: não linear, conectado, multidisciplinar e imprevisível.
O mundo digital no mundo e na escola, a pandemia do Corona vírus, nos trouxe um alerta: precisamos rever nossas práticas se quisermos educar para os novos tempos, tempos do mundo BINA,conforme tradução, frágil, inconstante, não linear e ansioso.
É por isso que nos propusemos a discorrer sobre esse tema, refletir as ações educativas da escola, coerentes com os objetivos do novo século que, segundo Perrenoud, devemos ter “uma visão da escola que visa a democratizar o acesso aos saberes, a desenvolver a autonomia dos sujeitos, seu senso crítico, suas competências de atores sociais, sua capacidade de construir e defender um determinado ponto de vista” (As competências para ensinar no século XXI. 2003).
“A transformação digital não é uma decisão estratégica, é um fenómeno cultural” segundoTiago Matto, estudioso do tema.
Ela nos traz a necessidade de um pensamento autônomo empreendedor, flexível e criativo.
Capacidades necessárias para o futuro segundo https://www.weforum.org/reports/lhefuture-of-jobs-report-2020 que cita as 10 habilidades no trabalho para 2025, sendo as 3 primeiras:
1- Pensamento analítico e inovação;
2- Aprendizagem ativa e estratégias de aprendizagem;
3- Solução de problemas.
Como educadores nos cabe desenvolver estas habilidades em nós mesmos, uma vez que somos fruto do século XIX, e paralelemente proporcionar condições para o desenvolvimento destas mesmas habilidades em nossos alunos.
Maria Helena Bitelli Baeza Sezaretto
Psicóloga / Pedagoga
Psicopedagoga
Especialista em Gestão de Qualidade
Pós graduanda em A Moderna Educação (2021/22)